[ EDITORIAL DA CAFÉ ESPACIAL 20 ]
Do espaço, outubro de 2022.
Caros leitores e leitoras,
Em 15 anos de publicação, nunca pensamos em fazer um editorial… como vamos dizer… menos otimista. Enfrentamos desafios ao longo dessas décadas, mas a realidade de hoje tem sido brutal.
Estamos mais introspectivos, observando uma realidade que nos apavora e tentando, de alguma forma, sermos maiores e mais confiantes. Mas não tem sido fácil.
Nas edições anteriores, priorizamos sempre um tom de satisfação, alegria e contentamento, afinal, estamos fazendo arte. Mas esta edição, esta “resistência” que vocês têm em mãos, nasceu para que possamos refletir a respeito da nossa frágil democracia.
A bandeira do Brasil, que antes era símbolo de união durante os jogos de futebol e que nos identificava no mundo, hoje tem o peso de ser uma escolha. Uma escolha que divide o país, marcando nossas vidas com o hiato dos amigos e familiares que optaram por estar do outro lado.
São tantos descompassos que talvez não paremos para pensar que nessa polarização, marcada por sucessivas agressões, quem mais sofre é a democracia tal como a conhecemos.
Se por um lado ela parece uma corda de aço, constante e garantida pela Constituição Federal, analisando mais de perto… percebemos que na verdade a democracia é feita de milhões de fios entrelaçados por respeito mútuo e que, se não for cuidada, irá se romper em fragmentos impossíveis de serem colados.
Essa democracia da qual falamos garante até mesmo, veja só, que discordemos acerca de um ponto de vista. Mas quando o que está em jogo é a garantia de um país democrático, é lamentável que continuemos discordando; concordar com a força da democracia é condição sine qua non de futuro.
A Constituição Brasileira de 1988 completa agora, exatamente, 34 anos. Jovenzinha de tudo e cheia de questões a serem debatidas, como todo ser em formação, é dona de uma força que garantiu ao Brasil uma nova possibilidade de se viver e existir.
Mesmo tão criança, exaltou a cidadania, a igualdade e a fraternidade; sendo fonte de direitos que todos, sem exceção de lados políticos, usufruem hoje.
O que sentimos ao analisar esses últimos anos, caros leitores, é que devemos garantir que a democracia resista e exista, para que, dessa forma, esses direitos sejam garantidos para todos os brasileiros.
Pois bem.
Agora tome fôlego, agarre a jovem Constituição, que está afundando, volte à superfície e renasça. As memórias dessa Carta Magna ainda não são póstumas — ela respira lentamente, mas respira.
Esta nova Café Espacial, em que celebramos 15 anos, é um convite para ser forte, para acordar e recordar e, a partir disso, crescer.
A luta não acaba, caros leitores, não acaba nunca. Por aqui a gente segue, com um café na mão, uma ideia na cabeça e atitude. Refutamos o apoio à tortura, à ditadura ou a qualquer fato que impeça o ser humano de existir plenamente. Lutemos pela democracia, pela igualdade e pelo respeito a toda pessoa deste país e a cada um que acredita em um amanhã diferente e faz por onde para que isso (re) exista.
Um abraço daqueles, bem forte, em vocês. Boa leitura. Bom café.
– Os editores.
Café Espacial #20 (2022): https://cafeespacial.com/loja/cafeespacial-20/